
Os Voos não Esquecidos
(obra publicada - Novembro 2016)
(published book of poetry November - 2016)
[Percorro o silêncio que se sobrepõe]
Percorro o silêncio que se sobrepõe
Na pele íntima dos voos não esquecidos.
[Será que haverá um lugar,]
Será que haverá um lugar,
Antítese absoluta do nosso,
Em que o amor é total,
Em que todos os olhares cativam,
Em que não há punhais físicos e psicológicos,
Em que dor, quer dizer nunca,
Em que amor, quer dizer tudo?
Será que haverá um lugar,
Em que não se pede, não se aceita,
Não se rejeita, não se fica a pensar,
Não se espera pela resposta,
Não se pede desculpa,
Não há ressentimentos,
Nem se sente agradecido ou correspondido,
Em que o amor é uma constante,
É uma fonte vigorosa
E que brota sem cessar?
[Induzo os meus sentidos]
Induzo os meus sentidos
E finjo absorver o concerto.
Para onde dirijo a atenção?
Fora de mim é mais suave,
Dentro de mim é desconcerto.
As linhas da realidade tentam seduzir-me.
E digo sim.
Vivo religiosamente o momento.
Suspendo o tempo e absorvo o éter.
Sou e não sou…
Atravessa-me um cálice.
Tudo e nada importa – flutuo.
Há sons e luz e gente,
Há harmonia e sombras e círculos.
O caminho é uno,
Os verbos encontrar e perder
São árvores que me ladeiam.
Fundo em mim
Uma nova cidade...